O médico intervencionista Luiz Tenório Siqueira explica como a técnica de eletroporação irreversível vem ganhando espaço como alternativa terapêutica para o câncer de pâncreas, um dos mais letais e de difícil acesso cirúrgico
O câncer de pâncreas ainda é um dos maiores desafios da medicina moderna. Com diagnóstico muitas vezes tardio e resistência a tratamentos convencionais, a doença apresenta uma das menores taxas de sobrevida entre os tumores malignos gastrointestinais. Mas novas estratégias terapêuticas começam a despontar — entre elas, a eletroporação, técnica que tem chamado atenção de centros de pesquisa ao redor do mundo e vem sendo aplicada no Brasil pelo medixo Luiz Tenório.
“A eletroporação representa uma alternativa promissora para tumores como o de pâncreas, que são de difícil acesso cirúrgico e com resposta limitará à quimioterapia sistêmica”, explica Luiz Tenório, que atua com inovação científica em terapias intervencionistas guiadas por imagem voltadas à oncologia.
O que é eletroporação?
A eletroporação é uma técnica que utiliza pulsos elétricos de alta voltagem (3000 Volts)aplicados diretamente nas células tumorais. Esses pulsos provocam a abertura temporária dos poros da membrana celular, impedindo que a célula continue funcionando.
“No caso do câncer de pâncreas, a eletroporação irreversível pode ser utilizada para destruir diretamente as células do tumor, sem toxicidade sistêmica e maior impacto local. Isso é fundamental em um órgão tão sensível e difícil de alcançar”, explica Tenório.
Quais são os benefícios da técnica?
• Minimamente invasiva: a eletroporação pode ser guiada por imagem e aplicada diretamente no tumor sem necessidade de cirurgia extensa.
• Mais precisão, menos efeitos colaterais: como o tratamento é direcionado, o impacto em tecidos saudáveis ao redor é menor.
• Potencial de combinação: pode ser associada à quimioterapia, imunoterapia ou até radioterapia para ampliar resultados.
• Tempo de recuperação reduzido: menos agressiva, a técnica permite uma recuperação mais rápida para pacientes fragilizados.
Onde está sendo aplicada?
A eletroporação já é utilizada com sucesso em alguns tipos de câncer de pele, fígado, pâncreas e próstata. Em relação ao pâncreas, novos estudos estão em curso em centros da Europa e dos Estados Unidos, e o Brasil começa a integrar esse movimento. Luiz Tenório é um dos nomes à frente das discussões sobre sua viabilidade no contexto nacional.
“O câncer de pâncreas segue com baixa taxa de cura a despeito de todo avanço da cirúrgica com técnicas robóticas por ex. A eletroporação visa substituir a cirugia em pacientes com tumores localmente avançados e representa uma nova ferramenta no controle do tumor, especialmente nos casos considerados inoperáveis ou pacientes mais idosos ou debilitados”, afirma o pesquisador.
E o futuro?
Apesar dos avanços, a eletroporação ainda enfrenta desafios, como a necessidade de equipamentos específicos, capacitação médica e regulação. “Precisamos ampliar os investimentos em pesquisa e construir pontes entre as modalidades de tratamento. Não acredito a cura do câncer de pâncreas avançado virá com uma bala de prata mas a associação de tratamentos pode alcançar o controle da doença a mais longo prazo e, em alguns casos, buscar a cura.”, destaca Tenório.